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domingo, 26 de julho de 2015

Surfista atacado por tubarão convive com limeirense Guilherme Santos na Austrália


"Estava assistindo pela tv quando vi o tubarão se aproximando do Fanning. Dei um pulo da cama e fiquei apreensivo. Graças a Deus ele conseguiu escapar da morte. Além de grande atleta, é uma pessoa sensacional, que convive comigo quase que semanalmente". Esse foi o comentário do limeirense Guilherme Santos, que passa férias em Limeira, mas reside na Austrália há cinco anos.

Além de professor de natação do outro lado do mundo, Santos, de 28 anos (12/05/1987) tem como hobby praticar o surf. Por isso, convive com as feras da modalidade, entre eles Mick Fanning, que ficou mais famoso por escapar de um ataque de tubarão do que propriamente por suas conquistas no mar.

"Ele é um exemplo para todos nós. Domina as ondas como poucos. É legal surfar com ele. Foi um grande susto ver o que aconteceu. Foi pura sorte mesmo", afirmou.

Guilherme surfa três vezes por semana. Acorda às 5h e frequenta a praia Gold Coast, situada a uma hora de sua casa. É nela que as feras praticam o surf e treinam para etapas do Mundial. "Vemos o Kelly Slater direto por lá. Já o Fanning leva seu cachorro, conversa com todo mundo e treina. Além disso, nos dá orientações", revelou.


O limeirense afirmou que nunca viu um tubarão por perto na Austrália. "Lá existe uma rede numa área bem afastada de onde praticamos o surf. Se um tubarão tocá-la, um sinal de alerta é imediatamente emitido. Vemos muitos golfinhos por perto, mas tubarão, não. Ainda bem. Mas na África do Sul, onde aconteceu esse episódio, é comum ver esse temido animal", contou.

No ano passado, Santos assistiu na praia a inédita conquista do brasileiro Gabriel Medina, campeão mundial. "Os brasileiros fizeram muita festa com o Medina. Foi de arrepiar". Neste ano, comemorou junto com o também brasileiro Felipe Toledo, a conquista da etapa australiana.

Trabalho

Guilherme Santos está morando na Austrália desde 2011. Escolheu Brisbane, capital de Queensland, terceira maior cidade do país, com cerca de três milhões da habitantes e situada a 1.000km de Sidney.
Seu primeiro objetivo era estudar o inglês. Nos primeiros meses, fez de tudo. Foi garçom, ajudou em mudanças, fez panfletagem, entregava revistas e até limpou escritórios.

"Valia tudo para ficar por lá. Eu queria mesmo era tentar a sorte fora do Brasil. Sempre tive esse desejo", frisou.

Morou primeiramente com uma família do Sri Lanka. Depois, ao lado do amigo Fernando Gandolfo, foi dividir uma casa com mais seis pessoas, sendo quatro coreanos, uma japonesa e um turco.

Mas o destino estava traçado e em pouco tempo ele voltaria a fazer o que mais gosta: dar aulas de natação. Santos foi indicado por um amigo a procurar o técnico de natação Renato Balam, um brasileiro que fez carreira na Austrália. O encontro foi pra lá de positivo, pois ambos tinham muitos amigos em comum.

Depois de passar seu currículo a Balam e pedir um emprego, Guilherme foi chamado pela proprietária da Story Time Suim Center, uma das maiores escolas de natação do país.

"Não comecei como professor e sim como salva-vidas. Mas fiquei apenas um mês nessa função. Por sorte duas professoras pediram a conta. A proprietária perguntou se eu era formado em educação física e se queria assumir uma das vagas. Disse que tinha me formado na Faculdade Einstein, em Limeira e que gostaria muito de trabalhar como professor. Ganhei o emprego na hora", lembrou.

Durante seis meses, o limeirense deu aulas para alunos de 4 a 8 anos e de terça e quinta-feira treinava os másters no período noturno. "Dava aulas particulares também. Eu fazia de tudo, até lavar banheiro se precisasse. Era tudo o que eu mais queria, ou seja, estava em outro país e fazendo o que eu sempre gostei, que é estar dentro da água", salientou.

Após seis meses na Story Time Suim Center e quase vencendo o prazo de um ano para retornar ao Brasil, Guilherme recebeu outra boa notícia. "A proprietária da escola gostou tanto de mim que conseguiu um visto de trabalho. Ou seja, eu estava apto a seguir na Austrália. Pena que o meu amigo Fernando precisou retornar ao Brasil", frisou.

Ele conta que Ian Thorpe ainda é uma referência da natação australiana, um grande ídolo, até pelas inúmeras medalhas que conquistou ao longo da carreira, em especial nos Jogos Olímpicos. Disse também que nunca viu jacarés sendo utilizados em treinos para melhorar o tempo dos australianos, como a imprensa mundial um dia trouxe. "Só vi em vídeos. Pessoalmente, não".

Guilherme não gosta de jogar futebol, mas assiste partidas do Brisbane, um dos melhores times da Austrália. "Assisti duas finais inclusive, diante de 60 mil torcedores e fomos campeões. O camisa 10 do nosso time é o brasileiro Henrique. Vejo um crescimento absurdo do futebol no país. Por onde você passa tem um capinho com crianças praticando", contou.

Vida

Guilherme Santos começou a nadar aos 12 anos. Conquistou mais de 20 medalhas em Jogos Regionais, defendendo Limeira, Piracicaba e Indaiatuba. Foi tricampeão dos 1.500m, bi dos 400m medley e campeão dos 200m medley, além de participar de várias equipes vitoriosas no revezamento. Aos 17 anos começou a dar aulas da Academia Focus.

Solteiro, Guilherme retornará a Austrália na próxima quarta-feira. Entre seus objetivos estão se tornar residente, com visto permanente no país e virar um cidadão australiano. Quem sabe futuramente, montar sua própria academia. Também pensa em se aprimorar em nutricionismo e fazer psicologia do esporte.

Mas o amor pela natação de competição continua correndo por suas veias. O limeirense, de 1m89 e 92 kg, aproveitou uma de suas folgas para participar do Mundial Máster na Itália, registrando o melhor tempo de sua carreira nos 400m medley, com 4'38"37. Isso lhe rendeu a medalha de prata. Também competiu nos 200m medley e foi bronze nos 200m costas. Agora, pretende formar um grupo para competir como amador no surf.

Quanto a saudade da família, em especial dos pais Márcia e Valdir, o limeirense a mata com seu irmão Rafael, dois anos mais velho, que também está na Austrália com a namorada.

"Meu irmão faz panfletagem de moto e minha cunhada trabalha em um hotel. Eles moram a cinco minutos da minha casa. Sempre estamos nos vendo. Difícil mesmo é ficar longe dos nossos pais. Mas eles entendem que estamos procurando o melhor para nosso futuro", completou.

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